quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Justiça proíbe jegues na Lavagem do Bonfim em Salvador [BA]

12/01/2011 - 17h47 | do UOL Notícias

Heliana Frazão
Especial para o UOL Notícias
Em Salvador (BA)

Eles já estavam proibidos de participar do Carnaval, e agora, por decisão da Justiça, os jegues vão ficar também de fora das demais festas populares de verão da Bahia, como a tradicional Lavagem do Bonfim, que acontece nesta quinta-feira (13), em Salvador.
Desta vez, os jegues não serão mais vistos puxando carroças enfeitadas, cheias de gente, acompanhando o cortejo da lavagem nos 8 quilômetros que separam a Igreja da Conceição da Praia, de onde parte o desfile, até o Bonfim. Essas carroças puxadas pelos asininos eram uma das tradições do cortejo do Bonfim.
A decisão, em caráter liminar, do juiz Rui Eduardo Brito da 6ª Vara Pública do Tribunal de Justiça da Bahia, atende a um a ação civil pública ajuizada pela sub-comissão de proteção aos animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Bahia, e pelas ONGs Terra Verde Viva, Célula-Mãe. A medida obriga a Prefeitura e a Saltur(Salvador Turismo), órgão municipal encarregado da organização da festa, a cumprirem a decisão, sob pena de pagar multa de R$ 90 mil.
 A sentença foi comemorada por Ana Rita Tavares, presidente da ONG e integrante da sub-comissão da OAB. "Esse é um momento histórico, mostra que existe um judiciário sensível e que faz cumprir a Constituição Federal, que veda crueldade contra os animais", diz ela, acrescentando que hoje, os animais são tão protegidos pela Constituição quanto os seres humanos.
. Ana Rita diz que anexou aos autos um vídeo comprovando as denúncias e um processo criminal de 2008 no qual a Saltur e a Fundação Gregório de Mattos são rés por causa de maus-tratos na lavagem. Ela acrescenta que os bichos desfilam sem ferraduras, sofrem com o som alto, e às vezes são obrigados a ingerir bebida alcoólica.
O historiador Ubiratan Castro vê excesso na proibição, “com efeito negativo para a cultura baiana”. Ele defende que sejam adotadas medidas de cuidados, mas não a retirada dos equinos da festa. Para Ana Rita, muitas pessoas ainda não despertaram para ao fato de que o animal é um ser senciente (que tem capacidade de sentir dor, medo, alegria...) e que sofre estresse como qualquer outro ser vivo.
“Essas pessoas deveriam ver que os maus tratos a animais também contribuem para o aumento da violência na sociedade, porque a criança ou mesmo o adulto que assiste a esse tipo de ação negativa recebe uma mensagem subliminar de que maltratar um ser vivo é normal. Existe um link direto entre maltratar um animal e depois fazer o mesmo contra um ser humano”, prega, lembrando que o passo seguinte pode ser o de queimar mendigos na rua ou espancar domésticas e achar engraçado.

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